A migração a partir de uma proposta de jogo….

puertoobaldiaEm nosso trajeto de viagem, para aprofundar e tornar mais dinâmica nossa pesquisa, nos propusemos a desenvolver um tipo de jogo educativo. A proposta não muda o que já desenvolvemos, de buscar projetos educativos, pessoas e lugares que nos ajudem a pensar educação, e de seguir compartilhando o que encontramos no blog.

A proposta é de, no caminho rumo a Costa Rica, observar e registrar de alguma maneira, quatro tipos de situações presenciadas no cotidiano, e a partir do registro, escrevermos sobre o que vimos, o que refletimos sobre, e que conclusão chegamos.

As situações que queremos observar são situações de improviso, de superlotação ou sobrecarga, de fronteiras e de espaço e tempo.

Esperamos que esse «jogo» nos ajude a observar e a potencializar processos educativos e reflexivos em nós mesmos, e também compartilhar essas reflexões. Isso porque não queremos desenvolver uma pesquisa que também não nos transforme enquanto pessoas.

Então… vamos ao jogo…

Panama não tem vias SAM_0630terrestres que o conecte com Colombia. Essa é a região da selva do Darien. A travessia só pode ser feita por avião ou barco. Fizemos por mar, em barcos de Necocli a Capurgana, onde carimbamos a saida nossos passaportes e, de novo,de Capurgana um barco até Porto Obaldia, no Panamá. Não existem estradas até Porto Obaldia, que é um povoado isolado, por um lado, pela Selva do Darien, e por outro, pelo mar Caribe. É aí que, para quem faz esse caminho, se carimba a entrada no Panamá.

O que vi…

Em Puerto Obaldia nós encontramos com um grupo de aproximadamente 120 imigrantes cubanos e cubanas, que esta aí a aproximadamente um mês, esperando a liberação de passarem, pelo governo panamenho. Esse grupo nos recebeu de maneira muito solidaria, nos compartilhou seu lugar de hospedagem. Aí compartilhamos comida e conversamos muito sobre a situação que vivemos e que compartilhamos enquanto latino americanos.

SAM_0655Esses cubanos e cubanas tem intenção de chegar ao territorio norte americano. O que motiva a imigração de cubanos aos Estados Unidos é, dentre outras, uma lei conhecida como «pé molhado, pé seco», através da qual, todo cubano que pisa o solo dos Estados Unidos ganha automaticamente a permissão para permanecer, além de um bom auxilio financeiro.

O que pensei…

Pensei que a questão das fronteiras é forte. Que apesar de entender a dificuldade que os governos e populações tem em lidar com a chegada em massa de pessoas que, por diversos motivos, emigram, não consigo lidar bem com a idéia de uma pessoa não poder viver em qualquer parte do mundo em que queira.

Não consigo ver como legitmas as barreiras criadas por governos que impedem as pessoas de viverem em outros paises.

Pensei que me parece importante o desenvolvimento de mecanismos sociais de apoio mutuo, inclusive para situações como essa, de maneira a oferecer ao emigrante algum apoio e auxilio.

E a que conclusão cheguei…

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Casa em que parte dos e das emigrantes estão alojados.

… é importante desenvolver a solidariedade e a escuta, independente da situação. Solidariedade para dar o apoio possivel a outras pessoas em situações dificeis, como no caso dos imigrantes. E a escuta, para comprendermos da alguma maneira o que nos passa, sem nos fecharmos para os motivos que levam cada pessoa a tomar determinada atitude.

Chego a conclusão de que é importante a construção de mecanismos comunitarios, que consiga gerar algum tipo de apoio e estrutura para o mais variados tipos de situação. Seja para alojar alguem, seja para criar espaços de discussão, informação e comunicação.

Chego a conclusão de que existe uma complexidade de situações e contextos, acontecendo muito proximas de nossas casas, e que em algum momento, podem bater a nossa porta. E que é importante estarmos atentos a elas.