Sobre a maleabilidade da vida

É libertador pensar que podemos ser criativos com a vida. Além de pensarmos que podemos fazer desenhos, pinturas ou músicas interessantes, também podemos jogar com a maleabilidade que a vida tem.

Pensar em outras maneiras de viver, que podem talvez nos levar para além do trabalhar-estudar-comprar-pagar.

Viajando pela Venezuela, chegamos a uma linda praia, conhecida como Chuao. Não existem estradas para chegar  a Chuao, então é preciso pagar uma lancha na cidade mais próxima.

Chuao é um vilarejo pequeno e tranquilo, com seus pequenos quiosques, restaurantes, pousadas e suas manifestações culturais do povoado.

Ali existe .uma casinha, na beira da praia, dividindo espaços com quiosques e restaurantes, que tem uma maneira interessante de existir. A casa não é necessariamente um restaurante ou pousada, mesmo que venda uma cervejinha, peixe e arepas.

Lógico que o dinheiro que entra através das vendas são importantes, mas o que sustenta principalmente essa casinha e o homem que nela vive, são as relações de amizade que vem crinando a anos. As pessoas que se fazem amigas desse homem logo passam a cozinhar junto a ele, usar seu banheiro e a compartilhar comida, historias, informações, reflexões,… e afetos.

E as amizades sempre, sempre voltam a visita-lo.

Ao final deixam uma graninha, comida e presentes de contribuição espontaneamente, numa dinamica parecida com a de uma casa coletiva ou nomade.

Nesses tempos difíceis de Venezuela, esse homem continua firme. Conta sempre com a visita de amigos e suas contribuições, numa maneira bem poética de viver, onde se aposta pesado nas amizades.

Não quero exagerar no romantismo, mas é inspirador ver conhecer pessoas que ousam criar outras maneiras de viver e existir nesse planeta.