Existe alternativa Politica!

Algumas pessoas dizem que o que se passa em Venezuela não é uma crise, porque uma crise é uma situação excepcional, que passamos por ela e depois regressamos a normalidade. E que Venezuela passa por um momento de transformação que levara a um outro lugar. Que é um momento de mudança.

Venezuela vive uma situação de escassez de muitos recursos, incluindo alimentos básicos. Isso se da, dentre outras questões, pela baixa dos preços do petróleo e pela grande dependência de importações para o abastecimento o pais.

A principal esperança do governo venezuelano parece ser de que os preços do petróleo voltem a subir para o país sair da situação de escasses.

Já no Brasil, onde acaba de se passar uma descarada manipulação das regras da democracia por parte de setores poderosos do país, se aceleram ainda mais ataques aos direitos da população e se cria um clima de pessimismo entre críticos e movimentos sociais.

Esperar soluções em níveis de governos, num contexto tão complexo, parece ser o mesmo que esperar que o preço do petróleo suba, ou que o governo simplesmente mude de atitude. É nos manter numa posição de dependência e vulnerabilidade.

Me parece que, mais difícil que a “crise” política e econômica, é o que a situação nos revela sobre nós mesmxs. Que o que vemos nas ruas é o reflexo do que somos enquanto sociedade e indivíduos.

Nos cenários políticos venezuelanos e brasileiros quase não vemos luz no fim do túnel. Mas não podemos deixar que a desesperanças em políticas de governo nos leve a uma descrenca total em política. É importante termos em mente que política não se restringe a governos e estados.

Existem outras formas de fazermos política, e muitas delas podem inclusive aflorar em contexto de dificuldade. Nos dois países existem muitas experiências de políticas autônomas feitas diretamente pelas pessoas, já a tempos em curso, e elas são exemplos de como podemos nos apropriar mais dos rumos políticos de nossas vidas.

A experiência de CECOSESOLA, na Venezuela, é um grande exemplo de apropriação autônoma de soluções para questões cotidianas, por uma comunidade organizada. Desde a produção de alimentos, sua distribuição, questões de saúde, poupança e funerária, geridos em beneficio de todos.

Acredito que o nosso pior erro em política é deixá-la nas mãos de políticos profissionais.

Não há momento mais oportuno para percebermos isso que o momento atual. E assumirmos que podemos nos organizar e agir para melhorar nossa condição de vida, nosso cotidiano e direcionar o caminho de nossas vidas para uma realidade de cada vez menos dependência.

(Pra ajudar na reflexao, leia esse artigo: La Nueva Venezuela, por Raúl Zibechi)

Seja nos apropriando de técnicas de plantio e agricultura, de saúde e medicina natural, de manutenção de itens de necessidade diária, de técnicas de construção ou nos organizando em nossos bairros e comunidades. O caminho da política autônoma sempre esteve aberto e muita gente que antes não pensava dessa maneira, agora já passa a dar atenção a essa alternativa.