Raúl Zibechi – Uma sugestão de Leitura

Muitas vezes me faço o questionamento de se as teorias e criticas de movimentos sociais dialogam bem com as realidades de periferias e favelas. Faço esse questionamento baseado nas vivencias que tive morando e me relacionando com ocupações urbanas de luta por moradia no Brasil.

Me parecia que as criticas e idéias não conseguiam acessar muito bem a periferia, para pensar sobre ela. Assim como a periferia também não conseguia desenvolver idéias suficientemente acadêmicas, como as que muitos movimentos sociais lidam.

Isso foi assunto entre eu e alguns amigos e amigas durante um bom tempo.

… bueno…

… a pouco tempo passou por aqui, na Cecosesola, um militante pensador dos movimentos sociais da America Latina, cuja leitura de seus textos tem me ajudado a pensar essa problemática. Um uruguaio chamado Raúl Zibechi.

Suas pesquisas passam principalmente por movimentos sociais autônomos e autonomistas.

Eu seu livro “Descolonizar o Pensamento Critico Y Las Rebeldias” diz que a matriz dos movimentos europeus simplesmente aplicadas a movimentos latinoamericanos seria como aplicar a matriz dos “de cima” aos movimentos dos “de baixo”.

“Por eso, (Fanon) advirtió que no debemos imitar a Europa. Sus ideas y análisis son una puerta de ingreso a un tema que considero central: la organizacion y la militância para cambiar el mundo desde la zona del “no ser”, donde hoy viven los millones de latinomericanos, que necesitan construir um mundo nuevo. En tanto la teoría critica fue labrada en la zona “del ser” no puede ser transplantada mecánicamente a la zona “del no ser”, porque seria repetir el hecho colonial en nobre de la revolución. Hace falta otra cosa, recorrer otros caminos.(…)”

Diz que a genealogia dos movimentos latinoamericanos é outra:

“Em América Latina estamos ante otra genealogia: las rebeliones Tupac Amaru y Tupac Katari, las revoluciones de Zapata y Pancho Villa, la revolución de Haiti, los quilombos y los cimarronaje, son las precursoras de queines hoy lucha por la libertad.”

Seguindo sua analise, é possível fazer paralelos de como as lutas de genealogias diferentes encaram determinados elementos, como o papel da família, a participação das mulheres e etc.

“Ese protagonismo feminino em los levantamentos populares está conectado com su enorme protagonismo en la vida cotidiana ( vida material de Braudel). Las izquierdas tienen dificuldades para ver esse protagonismo diário; y mas aún para considerar que esa actividad es politica.”

O cara faz uma leitura histórica das movimentações, ajudando a entender os caminhos que trilhamos, desde a comuna de Paris, até os dias de hoje. Dessa forma, contextualiza as lutas dos movimentos sociais do mundo e da America latina.

Os movimentos das décadas de 60, 70 e 80, segundo minha compreensão de sua leitura, fecharam seus ciclos, culminando em governos de esquerda ou progressistas. E que a década de 90 tendo como principal referencia o movimento zapatista, inaugura uma nova onda de movimentações.

“Si los movimientos antisistemicos no construyen poderes proprios, seguiremos recorriendo la triste estela que conocemos desde el comienzo de los procesos de liberación nacional: fuerzas revolucionarias que toman el Estado y reproducen la dominación, porque el Estado es una relación colonial-capitalista que no puede ser desmontada desde su interior. El proceso de construir poder propio es el camino para descolonizar las relaciones sociales.”

Bom, fica a dica de leitura ai…

– Dé