Sobre a autonomia dos projetos

Por Dé

Quando propomos algum projeto e esperamos que as pessoas se apropriem, como entendemos essa apropriação?

Como nos sentimos quando deixamos de tomar a iniciativa e as demais pessoas simplesmente deixam de puxa-la também?

Elas deveriam?

Nesses casos, o sentimento de frustração é legitimo, pensando a partir da ideia de autonomia?

O que entendemos por projetos ou iniciativas que estimulam e fortalecem a autonomia? (não é exatamente sobre isso que escrevi, mas é algo interessante a se pensar… =))

Se uma pessoa vai te visitar em sua casa por alguns dias, e te ensina a fazer empadinhas, e durante os dias que está lá, vocês fazem empadinhas juntas todos os dias, e quando ela vai embora, você deixa de fazer empadinhas… é legítimo essa pessoa sentirse frustrada?

Não penso que os proponentes devem deixar de pensar maneiras de envolver outras pessoas, nem deixar de pensar projetos que possam ganhar vida própria nos locais onde acontecem.

Inclusive acho fundamental compartilhar com as pessoas os recursos, experiências e conhecimentos necessários para que prossigam com a iniciativa. Mas não é absurda a possibilidade de o  projeto não ganhar autonomia em relação a quem o propos. Faz parte da autonomia das pessoas simplesmente escolherem não dar continuidade a uma proposta.

Penso sim, que é muito interessante pensar maneiras de compartilhar todo o necessários para sua continuação. Mesmo que isso se dê através de cursos e formações (…para a coordenação de uma assembleia por exemplo). E mais que isso, pensar iniciativas sedutoras e boas, que façam sentido e que as pessoas envolvidas desejem continuar. E através disso tudo, estimular sua permanência.

… mas nada garante…

De qualquer forma, acredito que, de tudo que fazemos e compartilhamos, algo fica.

… e se o que você queria fazer era compartilhar alguma ideia legal ou algum sentimento bom quando você puxou aquela mostra de cinema ou aquele treino de capoeira, eu acredito que de alguma maneira, deu certo. É muito interessante experimentarmos nossas idéias e desejos sempre… e na medida em que vão acontecendo, irmos aprimorando, como ilustra o dito popular, que é “quando a carroça anda que as melancias se ajeitam”.

Mas se as demais pessoas não continuaram sozinhas sua proposta, fazer o quê?… Elas não tem obrigação nenhuma! É perverso legitmar o sentimento de frustração, porque é ver as outras pessoas “de cima”, como se você soubesse, e não elas próprias, o que deveriam fazer e em que deveriam dedicar suas energias.

Então acho bom largarmos disso e continuarmos fazendo e cultivando as coisas que queremos, respeitando a autonomia dos outros de escolher o que vão fazer ou não!